quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Como dar uma palavra de consolo para alguém


Eu estava na beirada do velho sofá do casal, apoiando os cotovelos nos joelhos, em busca de algo que dizer, conta Don Jacobsen. Um acidente numa excursão havia ceifado a vida de seu filho adolescente naquela manhã, e eles me haviam chamado. E agora, o que dizer?

Um a um, folheei mentalmente os livros de teologia que tinha lido.  Pareciam estranhamente inapropriados. Pensei em frases feitas, tais como: “Mantenha o rosto voltado para o sol e as sombras ficarão atrás de você”.
Segundo me recordo, trocamos algumas palavras desajeitadas, e eu parti. Mas senti-me frustrado, e tenho certeza de que eles estavam desapontados comigo.
O que você diz para confortar alguém que esteja desconsolado? O mundo está cheio de promessas quebradas, lares destruídos, corações quebrantados, mentes divididas.
Como cristão, você anda no meio da angústia de um mundo arrasado, sendo você mesmo vítima de sua dor e injustiça. Como você pode ajudar a atenuar um pouco a desgraça? Por onde começar?
1 – Abaixo as frases feitas. Poucas frases de consolo são mais artificiais do que um chavão decorado, superficial. “Quando você chegar ao fim de sua corda, amarre um nó e segure firme” é o tipo de consolo insípido para um homem ou uma mulher cujo casamento está se desfazendo.
“Que possam haver nuvens suficientes em sua vida para dar um lindo pôr-do-sol” pode soar interessante enquanto o sol brilha. Mas no escuro, parece até gozação.
2 – Resista à tentação de usar a abordagem “sei exatamente como você se sente”. Você não sabe. Você pode ter experimentado uma mágoa semelhante ou idêntica. Mesmo assim, você não sabe se a outra pessoa não é traumatizada.
Todos nós reagimos de maneira diferente àquilo que a vida nos oferece, dependendo de uma complexa série de fatores. O que somos hoje é o resultado de tudo aquilo que passamos. Duas pessoas não reagem de maneira idêntica ao mesmo conjunto de circunstâncias.
O fato de termos passado por uma experiência semelhante pode nos colocar numa posição favorável para ajudarmos, mas sem dizer: “Sei exatamente…”
3 – Não banque o psicanalista. Poucas pessoas apreciam que todas as suas reações sejam pesadas e avaliadas. Numa situação calamitosa, seu amigo tem muitas necessidades. Um psicólogo amador bem-intencionado não é uma delas. O que fazer então?
Não existe uma fórmula pronta. Aquilo que você diria talvez não seja o que eu diria. O que você diria ao vizinho da esquerda, talvez não diria ao da direita.
Isso ressalta um princípio importante: em vez de decorar “alguma coisa para dizer”, o consolador deve pretender desenvolver uma certa sensibilidade para com as necessidades das pessoas.
Em alguns casos, o fato de estarmos presentes pode ser a melhor contribuição que podemos dar. É aqui que o discernimento santificado poderá lhe dar algumas dicas.
Um simples telefonema para dizer: “Ouvi falar da tragédia que você sofreu e liguei só para lhe dizer que me coração se solidariza com o seu neste momento. Estamos orando para que o Senhor esteja bem perto de você nesta hora.”  Talvez isso seja o bastante, para um determinado caso.
Para outro, sua missão de consolador talvez signifique ficar escutando um coração amargurado desabafar e relembrar.
Aqui de novo, não cabe a nós tentar encontrar e distribuir soluções para as incógnitas da vida, mas apenas mostrar que nos preocupamos, escutando o que a pessoa tem a dizer.
Amigos bem intencionados freqüentemente encerram uma visita ou telefonema com algo assim: “Diga-nos se houver alguma coisa que nós pudermos fazer por você.” Mas sua ajuda nunca é solicitada. Dificilmente um viúvo irá falar a alguém sobre a roupa suja que precisa ser lavada.
Portanto, em vez de dar a entender que você está disposto a ajudar, ore pedindo sabedoria para saber exatamente o que precisa ser feito. E faça-o.
“Você permite que eu tome conta das crianças esta tarde para que possa ter um tempinho livre?” “Acabei de tirar um pão quentinho do forno. Qual seria a melhor hora para passar aí e deixá-lo?”
Ou talvez: “Junte toda a roupa suja que tiver, porque vamos passar em sua casa por volta das quatro para apanhá-la”.
Uma ajuda real onde for necessário pode ser um exemplo vívido de teologia aplicada.
Não me consta que Jesus tenha perguntado alguma vez: “Se há alguma coisa que posso fazer para ajudar, conte comigo”. Ele via qual era a necessidade e a supria. Certamente, Ele nos diria: “Vai e procede tu de igual modo”.

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